quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Cristalino, transparente e rico...

Olá meu amor, meu grande amor, hoje eu abri a porta e vi você aí no sofá da sala, tão calada, quieta, muda. Não olhava, não piscava, apenas parada, fria como uma estátua viva. Olhei nos teus olhos, procurei por ti, tentei te encontrar, mas não te achei.

Eu sei, me desculpe meu grande amor, pois nos últimos tempos tenho andado distraído, disperso, relapso, sei que não tenho sido aquele cara que você conheceu, que se apaixonou, que quis logo ouvir a voz, abraçar, beijar, que achou que poderia ser o pai dos seus filhos, que achou que era o “guia” do seu sorriso.

Tenho viajado por estradas áridas, nadado em rios de águas turvas, respirado ares secos. Estou parado nesse “engarrafamento”, estou desorientado diante desse caótico contexto, estou pisando na minha própria sombra. Sei que você não tem nada haver com isso, sei que você não tem culpa, sei que você só quer o meu bem, sei que você ainda sonha com os “raios de sol”, ainda sei o quanto você é linda.

Agora, com a dor no peito, e a melancolia na minha alma, lembro daquela vez que subimos no alto daquela montanha, caminhávamos de mãos dadas, muito felizes, ao redor daquele imenso lago, cristalino, transparente, rico em vida e diversidade, se podia ver os peixes nadando, as plantas nascendo e as tartarugas se banhando ao sol.

Nesse momento não dissemos nada um ao outro, apenas nos olhamos, nos beijamos, nos abraçamos, éramos tão felizes e completos que não precisávamos de palavras, pois o nosso amor era verdadeiramente cristalino, transparente e rico...

domingo, 16 de agosto de 2009

Duas Cores de um Povo

"Rivalidade" não se escolhe, acontece. E desde muitos e muitos anos, um determinado povo do país-continente se viu deparado a ter que aprender a lidar com essa doce-amarga herança, que trilhava em seu caminho, onde fazer uma escolha, não era uma escolha, era uma regra. E disso se fez aprendiz, aluno e mestre...

Em uma terra distante, onde o frio dos trópicos sempre se fez marcante e muitas vezes determinante, sobreviver não era suficiente, era necessário algo mais, era necessário ser movido pelo ímpeto da vitória, do sucesso e da conquista...

Forjado neste contexto, filho desta terra, lá estava este povo, em pé, da arma em punho e olhos abertos, e em sua boca o gosto do sangue, de muitas lutas, batalhas e combates... povo herói, aguerrido e bravo.

Tinham como guia, seus ideais, suas crenças e suas convicções, sem haver tempo para hesitar ou questionar. Porém, havia o "outro lado", que pensava diferente, acreditava na outra vertente, no outro caminho, no outro brasão. Regidos pela questão do "poder", ou do dinheiro ou da política, lá se vão eles... Charruas ou Guaranis, Farroupilhas ou Imperialistas, Chimangos ou Maragatos, PTs ou Anti-PTs, Azuis ou Vermelhos...

Diferentes dos tempos antigos, (há algum tempo, 100 anos) a "peleia" vem sendo outra, dessa vez, não movida pela posse e sim movida pela paixão... Paixão de um time, paixão de uma cor, de um escudo, paixão do Azul, paixão do Vermelho... Torcedores convictos, que o seu clube sempre será o melhor, sempre será o superior...

E que rivalidade... Discuti-se por tudo, briga-se por tudo, não aceitando por momento algum, que "o outro", o rival, seja melhor ou esteja melhor, que tenha a maior torcida, que tenha mais sucesso... Essa rivalidade está estampada nas janelas, nos muros, nas fachadas.

Rivalidade que vai além do branco e do preto, pois os Azuis sempre irão olhar para o vermelho com um certo ar de desprezo, assim como os Vermelhos sempre irão olhar para o azul com um também certo ar de desprezo, bom, e por aí vai...

Contudo hoje, nas mãos deste povo não existem mais armas, e sim bandeiras e faixas, em suas bocas não há mais gosto de sangue, e sim músicas, hinos e gritos de incentivo, e em seus corações, o sonho de ver o seu time campeão!


São fortes, porque são rivais, porque são filhos da mesma terra, aquela de muitas lutas, guerras e batalhas...


"Sirvam as nossas façanhas de modelo a toda terra"

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Aos Olhos do Vento

Aos olhos do vento
Me permito a enxergar...
além das janelas,
além dos muros,
além dos oceanos.

Aos olhos do vento
Me permito a enxergar...
no voar dos pássaros,
no nadar dos peixes,
no correr dos homens.

Aos olhos do vento
Me permito a enxergar...
no chorar das crianças,
no latir do cães,
no gritar dos loucos.

Aos olhos do vento
Me permito a enxergar...
além da face,
além do cinza,
além do sonho...

A Melhor Viagem

O "senhor tempo" é o mais pragmático e enigmático de todos nós... Pois ele não pára nunca, sempre está em ação, em movimento. Num simples piscar de olhos, nos damos conta que ele está lá, firme e forte, trabalhando com sempre, caminhando ou voando como nunca... Pois é, ele “o tempo”, passa tão ligeiro que por vezes não nos damos conta que o hoje já não é mais hoje, é ontem, e o amanhã já é o hoje...

Digo tudo isso, porque até "ontem" eu estava buscando informações e conhecimento para fazer uma grande viagem, melhor dizendo, uma viagem grandiosa. Pois então eu fui, morei lá alguns anos, estudei, trabalhei, viajei, e isso tudo já é passado, pois o hoje é novamente o mesmo porto.

Foi um período fantástico, apesar de todas as roubadas, perrengues e obstáculos, foi incrível essa busca pelo novo, pelo desconhecido, essa oportunidade de se deparar com o inesperado e o inusitado, transformando isso tudo em uma rica experiência a ser contada. Tantos lugares, pessoas, emoções, situações, culturas, novidades, idiomas, enfim... ir até lá.

No momento que se entra "naquela viagem” é um mundo novo que se abre, repleto de surpresas e desafios constantes, fazendo de tudo aquilo algo único, onde o que imaginamos anteriormente é muito diferente do que viveremos. Não que isso seja bom ou ruim, isso é simplesmente a vivência por nós mesmos, porque nesse caso, seremos nós quem irá contar a história, porque nesse caso nós somos os protagonistas da história...

Além dos inúmeros aprendizados, foi um tempo de encontros e re-encontros, e se re-encontrar com sigo mesmo, foi a melhor viagem...

Mais um Dia...

Mais um dia me deparo com o marasmo da minha realidade, cercado de filmes, livros e sonhos. Tento pensar em algo diferente, em algo novo que possa ser interessante de ser dito, de ser lido, mas nada me vem à cabeça, me sinto refém da minha própria simplicidade, uma simplicidade que governa os meus caminhos, não deixando dar dois passos sem ficar na dúvida do que eu estou fazendo, não se aquilo está certo ou errado, mas se aquele é o momento, se aquela escolha é a certa. Na verdade, só sei me perguntar, e me perguntar e me perguntar...

Tenho andado um pouco calado nos últimos dias, calado comigo mesmo, talvez. Procurando alguém que não consigo encontrar, alguém que não sei nem como é, mas sei que quando à hora chegar encontrarei quem procuro. Não consigo visualizar o que a sua imagem passa, mas é como já ouvisse a sua voz, ainda muito sutil e singela, quase um murmuro ao meu ouvido, e é como sua presença já estivesse anunciando a sua chegada...

Ainda me pergunto, será que quero viajar? E pra onde devo ir? Será que um dia eu realmente quis isso para a minha vida, ou me iludi com sonhos de que lá eu encontraria o que aqui não consigo.

Reflito constantemente a minha existência, sobre tudo quando me deparo com situações, pessoas e contextos tão pequenos que vivem a me cercar, me questiono até que ponto estou preso a este universo tão menor do que eu, não que eu me sinta soberano aquilo que vivo, mas algo insiste em me dizer que aquele não é o meu mundo. Mas que mundo será este então? Será aquele lugar que paira sobre os meus sonhos, quando estou de olhos abertos? Ou então, será um contexto que ainda não consigo imaginar?

De certa forma, me vejo prisioneiro da minha própria insegurança, insegurança de não acreditar nos meus sonhos, nos meus ideais, fazendo me sentir menos do que sou, sei que posso muito mais, sei que sou muito mais daquilo que já fiz, que já construí, pois a vertente que vou seguir, já foi definida...

Tarde de Sábado!


Hoje é mais um dia de novembro de um ano qualquer do começo do século vinte e um. É um sábado de sol e céu azul, entretanto não se trata apenas de um dia comum, estou falando de um dia diferente, um dia especial, ainda não sei o porquê disso, mas sei que logo vou descobrir...

A temperatura está na casa dos 30ºC, em plena tarde de primavera na bela capital da antiga Província de São Pedro, casualmente estou no recinto do meu lar, o que não é muito comum para um dia como este, pois agora, provavelmente estaria admirando a incomparável paisagem do indescritível pôr-do-sol do Guaíba, e apreciando um saboroso mate-amargo na companhia da minha esposa e dos meus filhos.

Diante deste cenário, "algo" me prendia nas paredes do meu apartamento, talvez sem ter muita certeza do que estava fazendo achei que era necessário entrar em contato com a rede mundial dos computadores, pois lá encontraria a resposta desta misteriosa tarde de sábado.

Após navegar por alguns sites distintos (surf, cinema, história, etc...), me lembrei do meu e-mail, e também dos meus velhos amigos, que aliás, já fazia algum tempo que estes não se manifestavam como antigamente.

Ao abrir minha caixa de mensagens, encontro diversos e-mails indesejados, o que não é nenhuma novidade, mas no meio destes há um muito precioso, de um saudoso e velho parceiro, amigo de todas as horas, amigo esse que já não habitara mais o pago onde nasceu e cresceu, pois agora toca o seu gado nas pastagens de outros rincões desse país-continente.

Então comecei a desvendar o que havia por trás daquelas poucas frases e palavras, pois nesse momento meu coração já batia forte e minha ansiedade era nítida, então lá dizia mais ou menos assim: é com muita alegria, felicidade e orgulho, que...

Finalmente eu começava a entender o que esta maravilhosa tarde de sábado me reservara, pois instantemente um enorme sorriso, de também alegria e felicidade, dispara em meu rosto, pois o filho do meu grande amigo está a caminho...

Peregrino

Peregrino do Amor,
peregrino da cor.
Em busca de alegria,
no caminhar do dia-a-dia.
Nos perdemos na direção,
no vento, na chuva, no chão.
Nos perdemos no vulto,
no barulho, no tumulto.
Nos perdemos na rua,
na praça, na lua, na sua.
Queremos ouvir o tom,
sentir o toque do som.
Queremos emoção,
boca, pele, mão.
Queremos fascinação,
beijo, carinho, paixão.
Queremos encontrar,
já chega de procurar....

O Tempo Passou...

Depois de muito tempo voltei ao saudoso colégio onde estudei, onde passei grande parte da minha infância e adolescência. Já se passara quinze anos da minha formatura, e ainda me lembro muito bem daquela magnífica noite de dezembro, onde o desconhecido universo acadêmico pairava no meu imaginário.

Tudo estava muito diferente, as pessoas que ali transitavam já não eram mais as mesmas, os alunos já não diziam as mesmas coisas, e as antigas brincadeiras já não tinham a mesma graça.

Porém, aquelas paredes ainda continuavam intactas, cheias de histórias, lembranças e momentos, era só fechar os olhos e ver um filme passar no pensamento, e foi nesse mesmo fechar de olhos que o mundo passou tão rápido, porque quanto eu os abri, tudo já estava mudado, o mundo já estava mudado, a efervescência, a atitude e a vivacidade daqueles tempos já não existiam mais, agora tudo é muito rápido, voraz, insólito...

É tudo a base do celular, da internet, do msn, do orkut, da música eletrônica, e tantas outras coisas que se tornaram tão superficiais e efêmeras quanto as que ainda estão por vir.

Um contexto cheio de lacunas que talvez um dia sejam preenchidas por aquilo que a maioria ainda não percebeu que é o mais importante.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Em busca da onda perfeita!


Então os primeiros raios de sol brotam no infinito do horizonte, a noite começa a deixar de ser noite e o dia começa a dar bom dia. Estou sentado na areia, extremamente branca, fina e fofa, diante de uma imensidão de água azul cristalina, que se reflete na minha retina e mais parece uma pintura divina. É uma praia deserta, paradisíaca, silenciosa e ao mesmo tempo inquieta, onde a natureza se faz pura, bela e intensa. As ondas quebram perfeitas, simetricamente alinhadas, cronometricamente pausadas. Aliado ao som do mar, a brisa do vento terral, brando e tênue...

Ainda sentado na areia seguro a minha prancha e numa pequena distração, desvio a minha atenção daquela intensidade inquieta e olho para o meu cachorro Valente, e ele com as palavras do seu olhar, me diz: “colé brother o que tu tá esperando, te atira logo nesse mar que tem altas, e vai logo se não eu pego a tua prancha e vou eu”. Porém, Valente não podia entender o que se passava na minha cabeça, por mais que fosse o cenário mais perfeito que eu e Valente havíamos nos deparado, eu ainda procurava entender o quanto eu era pequeno diante de tamanha riqueza.

Por mais algumas horas ainda fiquei estático com o mesmo semblante, tentado enxergar além do que os meus simples olhos permitiam a ver, mas as ondas me chamavam, solicitavam a minha presença, a minha companhia, elas queriam “trocar uma idéia”, interagir...

Então eu fiquei surfando por horas e horas, sozinho e ao mesmo tempo muito bem acompanhado... Nesse momento eu já estava com o sorriso no rosto, alegre, faceiro, realizado... olhando para aquela imensidão de mar, montanha, areia e vegetação, e começava a me sentir integrado com tudo aquilo, me sentia fazer parte da paisagem e começava a entender o porquê de estar ali e o quanto aquilo tudo era tão importante.


Nossa vida também é movida por ondulações, cenários e paisagens, talvez seja difícil saber contemplar a beleza que nos cerca, talvez seja difícil saber qual a onda certa, ou qual a melhor praia pra investirmos o nosso tempo, o nosso surfe, ou então provavelmente não encontraremos a praia paradisíaca num primeiro momento, talvez estejamos esperando uma Tsunami vir e mudar tudo ou então já nos sentimos tão cansados que queremos apenas uma marolinha...

Uma coisa é certa, as ondas nunca param de quebrar....